martes, 21 de abril de 2009

As escolhas que nunca fiz

Desde pequena sou uma pessoa tímida, mas não nasci assim. Depois de experimentar a extroversão por anos, me fechei em um mundo de introspecção e desconfiança, por motivos que até hoje desconheço. Por ser assim, "fechada", sempre fui comparada com "a filha da vizinha", que sempre era melhor do que eu: mais simpática, mais comunicativa, mais corajosa..

E por crescer sendo alvo de tantas comparações sempre tentei me adequar ao que julgava certo: tentei ser a mais simpática, a mais comunicativa e, principalmente, a mais corajosa. Foi por querer mostrar que sou capaz que aos doze anos cismei que queria ser juíza. Permaneci com essa idéia fixa até os dezessete, quando descobri que meu destino trilharia outro caminho.

Apesar da idade, dos amigos e dos desafios que a vida acadêmica trouxe consigo, permaneci por muito tempo querendo provar ao mundo que era simpática como a filha da vizinha, comunicativa como a prima distante e corajosa como a enteada de um amigo da família.

Foi tentando demonstrar uma coragem digna de filmes de ação que adotei a idéia fixa de ser correspondente de guerra. Noticiar a destruição e o sofrimento humano em territórios devastados por conflitos passou a ser meu sonho. Ou melhor, o que eu pensei ser meu sonho.

Após quatro anos de curso e uma tarde de desajuste com um decodificador digital, momento em que minha escolha profissional foi novamente posta em xeque pelo mesmo motivo: "falta de coragem" da minha parte, foram suficientes para que eu percebesse quais as escolhas realmente fiz: cursar jornalismo, ter medo de altura e preservar minha veia comunicativa, minha simpatia e, sobretudo, minha coragem, para momentos e pessoas que julgo dignas de conhecer meu lado "filha da vizinha".

4 Comments:

  1. Bianca H. said...
    Não consigo te imaginar sendo juíza. Não apenas pelo trabalho, mas por tudo o que eles passam para chegar a este cargo.

    Acho que a gente acaba criando uma imagem de como uma pessoa ideal deve ser e acabamos esquecendo que ela não existe. E vemos nos outros essas características que pensamos que deveríamos ter e não aceitamos bem o fato de sermos diferentes do nosso suposto ideal.

    De qualquer forma, acho que o que você falou é o mais certo: o que conta são as nossas escolhas. A gente escolhe ser como é e fazer o que fazemos. Aguentemos as consequências. =P
    Jéssica Santos said...
    Amei!!!!!
    Mesmo querendo várias coisas acabamos escolhendo o que vai parecendo o mais certo no momento não é?
    vamos ver mais pra frente se foram boa escolhas
    Ericka Rocha said...
    Cada um tem a Rosângela que merece! E aposto que a filha da vizinha é só fachada! Ng é sempre legal, simpática e corajosa o tempo inteiro...E os momentos em que somos todas essas coisas (espontaneamente) são o que nos fazem...diferentes!

    Te amooo xuxu!

    =]
    Lívia Lima said...
    Somos o que escolhemos ser, isso é fato. Você pode (e acredito que não será) não ser correspondente de guerra, mas com certeza escolher jornalismo já faz parte você.

    Admiro muito o que você escreve e acho você uma ótima escritora, às vezes pessoal demais para uma jornalista, mas, como a Ericka disse, a gente não tem que agradar todo mundo sempre né?!

    bjs

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