lunes, 12 de enero de 2009

À meia-noite levarei sua alma...*

Era uma noite fria e tempestuosa. A pequena garota espera que todos em sua casa durmam, para que possa aproveitar os mistérios da noite.

Cautelosamente caminha rumo à cama de seu irmão, que dorme tranqüilamente. Pé ante pé vai rumo ao quarto de seus pais. Pela fresta da porta observa o ressonar pesado de seu pai e o sono vigilante de sua mãe. Ambos dormem. É hora de ligar a tevê...

Girando cuidadosamente o botão de seu televisor preto e branco passa por quase todos os canais até encontrá-lo: com uma longa capa preta, cabelos ajeitados com gel e um olhar penetrante, o misterioso conde busca novas vítimas na noite escura da Transilvânia. O mais famoso dos vampiros prende a atenção daquela criança, que não desgruda os olhos da tela até ver subir os caracteres finais. É hora de dormir. Ou pelo menos, tentar...

Naquela noite, a imagem do conde que tanto a fascinou não sai de sua mente. Este a persegue pelos cômodos de sua casa. Ameaça sua vida, a de seu irmão.. assustada, a menina ruma aos pés da cama de seus pais mas, sem jeito para acordá-los adormece ali, agarrada aos pés de sua mãe, protegida das asas do morcego que tanto a assustava.

Como toda criança, eu sempre temi o desconhecido: tinha medo do escuro, das sombras que se formavam com a luz da lua que entrava pela janela, dos sons da noite.. mas, como toda criança, sempre fui muito curiosa, e minha curiosidade acabou me levando a conhecer o universo dos filmes de terror.

O primeiro filme que vi foi "Drácula". Sua capa preta e seu olhar petrificante nunca saíram da minha mente, e povoaram meus pesadelos por longos anos. Este, por sinal, foi o único pesadelo que nunca consegui esquecer. Depois dele, vieram outros filmes, e outros tantos pesadelos, que terminavam sempre da mesma forma: agarrada aos pés da minha mãe.

Minha mãe, por sinal, tentou várias vezes me fazer desistir de ver tais filmes. Ela sempre dizia que aquilo me daria pesadelos, o que nunca deixou de ser verdade. Porém, ao ver que minha curiosidade sempre foi mais forte que meu medo, ela me ensinou um truque simples, que nunca vou esquecer: a cada vez que acordava assustada, ela me dizia que eu não tinha o que temer, pois aquilo eram apenas máscaras. Nada daquilo existia. Espero que ela esteja certa...rs

* Minha mãe, apesar de me ensinar a não temer filmes de terror, nunca teve coragem de assistir a nenhum, e durante minha gestação sempre sentiu pavor dos filmes do Zé do Caixão..rs

1 Comment:

  1. Anónimo said...
    E eu fui jogar um joguinho de terror, morri de medo e não fico mais no escuro. Hahahaha

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