Há quase um mês tomei uma atitude que alguns classificariam como loucura, outros como uma clara manifestação de coragem. Entretanto, desde que resolvi "me libertar de todas as amarras" venho experimentando uma confusão de sentimentos que me impedem, às vezes, não só de pensar racionalmente, como também de escrever sobre isso.
Várias vezes ensaiei o primeiro parágrafo do que considerei "o texto mais sincero de todos" desde que inaugurei este espaço, há mais de um ano. Durante este tempo, várias vezes me referi a esse sentimento que me "consumia em silêncio" de forma velada. Porém minhas entrelinhas não eram tão bem entrelaçadas assim, pois aqueles que conviviam comigo sabiam exatamente de quem falava e porquê escrevia aquilo.
Várias vezes também recebi comentários com palavras de acalento, vindos de pessoas que nunca vi - e provavelmente nunca verei - tentando me confortar por uma dor que muitas sentiam - a dor do amor não revelado. E, de certa forma, foram esses comentários de acalento que me fizeram continuar com a "terapia virtual", escrevendo não apenas para um público exíguo, mas para mim mesma. Como disse uma vez em alguma postagem perdida neste universo de textos, escrever para mim sempre foi uma terapia. E é através desta terapia que hoje escrevo meu último texto sobre "a garota das lágrimas".
Escondida neste disfarce, várias vezes chorei lágrimas amargas, doloridas, provocadas não por fatos concretos, mas por fantasmas que me perseguiam a cada dia - o medo da rejeição, do abandono, do enfado, do pré-julgamento..e o mais constante de todos - o medo da substituição. De todos os fantasmas que me assombraram por este tempo - que não será precisado, pois nem eu mesma sei quando começou - o medo de ser substituída por alguém mais "interessante" me transformou em uma pessoa insegura, nebulosa, às vezes até "grudenta". E implicante. Todo e qualquer comentário era motivo para uma briga, mesmo não tendo sido eu a "dar o pontapé inicial".
Minha insegurança, aliás, me impediu por muito tempo de "olhar para os lados" e ver que havia ao meu redor um mundo amplo, repleto de novas e interessantes possibilidades.. hoje sei que este mundo existe, mas ainda não me considero pronta para adentrá-lo. Talvez ainda precise de tempo..Tempo para pensar, curar as feridas que eu mesma causei, aparar as arestas que nasceram e recuperar a confiança em mim que perdi em algum trecho do caminho.
Não tenho mais vontade de pensar - nem de dormir um sono longo e ininterrupto, que há cerca de um mês era tudo o que eu desejava. Fugir do mundo também não me agrada mais. Quero enfrentá-lo de frente, e exterminar as borboletas, que algumas vezes ainda se reproduzem em meu estômago.
Hoje, três semanas depois, a "garota das lágrimas" não chora mais. As lágrimas se foram, e a tristeza também. Apenas a confusão de sentimentos permanece. E permanecerá por um tempo, até que a perda do segredo seja assimilada, e a decisão de esquecer e se abrir a novos horizontes possa finalmente ser posta em prática.
O próprio texto reflete isso. Não são aquelas frases soltas, são parágrafos encorpados! Que continue assim!
Acho que a mudança no texto está no amadurecimento da "garota das lágrimas". Enfrentar os monstros do meu armário estão me ajudando a ver a vida com outros olhos e abandonar o cinza.
Tentarei continuar assim, mas pretendo aposentar a "garota das lágrimas". Lágrimas agora só nas minhas novelas mexicanas favoritas..rs
Coisas da mente humana...
Te amo Ro...Sempre.