dois lados da moeda

Passeando pela praça que fica próxima à minha casa percebi o quanto o tempo passa, e o quanto pequenos detalhes nos remetem à recordações que julgávamos perdidas. Enquanto ía ao mercado, buscar a Coca-Cola do almoço, avistei uma mulher conversando com um frentista no posto de gasolina do outro lado da avenida. Até aí nada de anormal. Era apenas uma senhora, vestida de forma simples, tendo uma conversa normal com uma pessoa que não conheço.

Entretanto, ao observar atentamente a senhora percebi que a conhecia. Era a mãe de um antigo colega de sala, alguém que teve mais importância prá mim do que na época admitia.

O dia nublado, a banca de revistas da qual ela toma conta (e na qual várias vezes fui "passei casualmente"...) e as bandeirinha de São João, presas por barbantes no centro da quadra na praça me fizeram recordar minha adolescência. Minhas mudanças de humor, minhas loucuras.. Mas, principalmente, me fizeram lembrar desta pessoa, este menino na época - agora um homem.

Enquanto caminhava me peguei pensando onde estaria. Se estaria casado, se teria filhos, se teria se formado.. Enfim, como tinha seguido sua vida depois de sair da escola. Ele não se formou comigo. Mudou de turma, de escola, de bairro. Ouvi rumores sobre prisões, caminhos errados, porém nada que pudesse acreditar. Esse garoto tinha a audácia que eu não tinha, mas nem por isso eu o achava capaz de tudo o que ouvia.

De repente me peguei sentindo saudades de alguém que não vejo há muito tempo, e que nem sei se hoje reconheceria. Talvez seja efeito das bandeirinhas, das comidas juninas e da chuva, que se aproximava...