dois lados da moeda

- Mãe, quanto falta pro meu aniversário?
- Falta uma semana
- E você vai fazer festa?
- Sim, vou fazer um bolinho.
- E quem vem? A tia vem?
- Não, ela foi prá praia.
- ......
- Mas vem sua avó, suas tias.
- E eu vou ganhar presente?
- Não sei.
- .......

No outro dia, a mesma pergunta, e o mesmo diálogo se repete por uma semana, até chegar o dia do meu aniversário.

Desde criança eu sempre adorei festas de aniversário, mas detestava o dia em que nasci: 7 de janeiro. Exatamente uma semana depois do Ano Novo... Nesta época todos os meus tios estavam ou trabalhando ou viajando. E meus amigos nunca estavam na cidade, porque estavam sempre viajando... Bendita praia!!!!!!!

Janeiro... porque nascer em janeiro? Férias!!! Respirava aliviada todos os anos por nunca ter levado uma "ovada", mas me sentia triste por nunca cantarem parabéns prá mim na sala de aula. Por nunca ganhar presente da professora.. É, não se pode ganhar todas..

Hoje, a alguns dias do meu aniversário, comecei a me lembrar desses diálogos da minha infância, que agora parecem tão distantes. Me lembro que antes contava nos dedos quantos anos faltavam para completar quinze anos, dezesseis, dezoito... Achava que, com essa idade tudo seria diferente. Poderia fazer tudo o que quisesse, sem ter de pedir nada a ninguém.

Como toda criança queria crescer. Mas crescer assim, de repente. Dormir criança e acordar adulta, "dona do meu nariz". Agora, conto nos dedos os anos que gostaria de reviver. Ter cinco, seis, sete anos novamente. Poder brincar o dia todo, estudar sem compromisso, não ter tantas responsabilidades. Acordar e não sentir o peso do mundo nas costas.

Hoje, o presente dos meus sonhos seria dormir adulta e acordar criança.