jueves, 15 de noviembre de 2007
Há algumas semanas voltei de Assunção, Paraguai. Ou Paraguay, como consta nas placas e documentos.
A primeira impressão que tive ao descer do ônibus foi de estar em um deserto. Não pela ausência de pessoas, mas pelo calor. Tive uma recepção "calorosa". Algum tempo depois, quando meu corpo já estava tentando acostumar-se ao calor, pude enfim observar a cidade. Sua população, sua arquitetura. Enfim, sentir o local onde estava.
Confesso que minha impressão foi a de estar em uma cidade do interior. Mas não uma cidadezinha clássica, mas sim em uma cidade híbrida, quase surreal. Em Assunção, a modernidade dos carros de luxo se confunde com a morosidade de uma carroça. Ali, vacas dividem lugar com pedestres. Árvores dividem as pistas de uma rua. E todos convivem tranqüilidade em meio ao "caos".
Acostumada ao asfalto e ao cinza dos prédios, me senti fascinada o excesso de verde. Assunção é realmente uma cidade arborizada. Arborizada e desigual. Se aqui a desigualdade social se camufla em favelas e bairros periféricos, lá ela salta aos olhos de quem chega.
A única favela da cidade está no Centro Histórico, e é retrata nas fotografias de turistas, que como eu, guardam registros do Rio Paraguay.
É impossível não notar a discrepância e a semelhança social com minha cidade. Ruas de paralelepípedo e terra contrastam com o asfalto das grandes avenidas. Shoppings center, comuns em São Paulo, se opõe aos muitos "chicos e chicas" que, com suas mães, pedem dinheiro ou vendem balas nos semáforos. Assim como vemos aqui.
Mas lá, ao contrário daqui, não há um meio termo. Não existe uma classe média. Pequenos prazeres como ir ao shopping, ver um filme com os amigos, é privilégio para poucos. Os shoppings ali são como praias de luxo, onde todas as etiquetas são em dólar. Um sonho improvável para quem vive com pouco.
As ruas, apinhadas de gente, são como as daqui e os centros populares são como as ruas de comércio paulistas. Mas com mais camêlos e outdoors. Como em São Paulo, antes da "higienização".
O paraguaio, apesar dos pesares é, assim como o brasileiro, um povo amável e receptivo. Encontrei em seus rostos o mesmo sorriso daqui. E até os mesmo traços. Talvez seja um sinal de que, mesmo tão distantes cultural e lingüisticamente, estejamos mais próximos do que imaginamos. E não só comercialmente, mas afetivamente.
Etiquetas: cotidiano
Estamos unidos afetivamente apenas porque o povo é hospitaleiro? Isso não faz sentido.
E acho que em uma região tão próxima, é comum você encontra traços parecidos. E não estamos tão distantes linguisticamente. o.O
Ou seja... não entendi.
Então, vamos por partes, como diria "Jack, o estripador"..rs
Quando disse que estamos unidos afetivamente não quis me referir apenas à receptividade do povo paraguaio.
Quis dizer muito mais do que isso. Que prá mim estamos unidos afetivamente (no sentido de amizade, claro) pq, de certa forma, me senti em casa.
Senti que eles são bem parecidos conosco, brasileiros. Até o mesmo rosto sem uma etnia definida eles têm, apesar da cultura indígena lá ser mais forte do que aqui.
E quando estou falando que somos distantes lingüisticamente, não me refiro só ao espanhol, mas tb ao guarani, o segundo idioma deles.
O espanhol, na minha opinião, não é barreira que separe povo algum, pois sempre somos capazes de arriscar um "portunhol" e manter contato com uma pessoa de origem hispânica.
Agora, quando se trata de conversar com alguém que fale guarani, aí a coisa complica.
O idioma é gráfica e oralmente tão diferente do português que é como se estivéssemos ouvindo grego (literamente..rs).Prá mim é isso o que separa.
Além do fato de eles, por terem
permanecido tanto tempo isolados do restante da América, mantiveram intactas por mais tempo as raízes indígenas que nós ignoramos.
Espero ter explicado melhor meu post..rs
E você precisa se explicar melhor no seu post. A maioria das pessoas nom lê essas coisas com a atenção que eu dou, mas eu percebo xD
Sombria, gelada e preguiçosa...rs