dois lados da moeda

Certo dia, a professora perguntou à menina: "o que você quer ser quando crescer?". A menina então respondeu: "Quero ser arquiteta". A garotinha, então com seus cinco anos, permaneceu por muitos anos com esse sonho na cabeça, e outros mais que foram lhe fazer companhia em sua fértil imaginação: astronauta, veterinária, cientista.. Seu grande sonho era encontrar a cura da Aids e viajar até a Lua.

Os anos se passaram, e com eles seus sonhos de infância: a arquitetura já não fazia parte de seus planos, pois a garota não sabia desenhar muito bem. A ciência.. bem, a ciência ela teve de deixar de lado, pois nunca se entendeu com a matemática. E o universo... sua viagem à Lua teve de ser adiada, até que ela superasse seu medo de altura.

A adolescência chegou, e com ela um novo desejo: Direito. Repetia para si mesma que seria juíza. Mas a garota nunca foi "de briga". Sempre preferiu a parcialidade ao posicionamento. E nunca julgava as pessoas. Mesmo assim manteve a resolução. Estava disposta a trilhar o caminho das leis... até que um teste mostrou-lhe um novo caminho, não cogitado: jornalismo.Jornalista? Você é muito calada, tem vergonha de tudo. Como pode ser jornalista? Era o que ouvia, sempre que respondia àquela pergunta.

O tempo passou e a escola, enfim, terminou. Amigos se separam, iniciam suas carreiras. E a garota, agora resoluta, aguarda, ansiosa, a oportunidade de trilhar seu caminho. Passam-se um, dois, cinco anos, até que o sonho toma forma: assume um formato estranho, confuso, teórico. Mas ainda assim fascinante. Com os semestres surgem novos desafios: livros, conceitos, trabalhos. E também amigos, que ajudam a diminuir o peso das responsabilidades, que aumentam a cada dia.

E assim, fugindo da saudade e das lágrimas antecipadas termino meu texto, pois neste final de ano, quando termina minha jornada, a garotinha dentro de mim poderá responder, orgulhosa, à velha pergunta: quero ser jornalista.