martes, 17 de julio de 2007
Férias e frio. Combinação convidativa para um bom sono.. ou uma boa leitura.. Como, por diversos motivos, estava lendo pouco, resolvi colocar a leitura em dia e me divertir com um livro que sempre quis ler e sempre adiei a leitura: "Incidente em Antares", de Érico Veríssimo.
O livro foi escrito há não me lembro quantos anos, mas é incrível como o cenário descrito por ele é exatamente igual ao cenário que encontramos na política brasileira atual. Todos os elementos que estamos tão acostumados a ver nos noticiários diários estão lá: abuso de poder, corrupção, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos.
E, claro, a certeza da impunidade, que desde os tempos do Império acompanham as classes mais abastadas, que não se encabulam em cometer "pequenos delitos" contra os cofres públicos. E embora tenham se passado várias décadas da publicação do livro pouco mudou. Prá nossa vergonha que, ao que parece, associamos a corrupção e a impunidade a algo comum. Algo que faz parte da cultura brasileira e que nos define como "o país do jeitinho".
A cada página Veríssimo demonstra que a tão pregada igualdade entre os cidadãos não existem. A única coisa que os torna iguais é o sangue que corre por suas veias. O sangue e a certeza da morte.
Ali, como aqui, morte chega para todos, pobres e ricos, da mesma forma: inesperada. E é a chegada dessa morte, juntamente com a insatisfação dos mortos quanto á sua condição de insepultos que gera o "incidente" que intitula o livro. Revelações bombásticas são feitas pelos mortos, em plena praça pública, sobre os cidadãos mais influentes da cidade. Semelhantes às revelações feitas por deputados e senadores nas várias CPI's que temos acompanhado nestes meses.
Mas tudo o que foi dito pelos mortos, e que causou tanto escândalo é esquecido. Esquecido juntamente com estes mortos, que de cidadãos ilustres passam a ser "personas non gratas", cuja presença incomoda e agride os olhos, o olfato e principalmente os ouvidos.
Assim como as CPI's de nossos dias, que são esquecidas com a mesma rapidez com que surgem. O que significa que se somos realmente iguais, uns são mais iguais que os outros...
Etiquetas: Fantasiando
Mas eu lerei, viu!